No dia 13 deste mês de maio, teremos finalmente
chegado ao centésimo aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora em
Fátima, data tão esperada por nós, tendo em vista que a mensagem ali revelada
fundamenta uma especial esperança para a humanidade, frente ao processo histórico
de que foi objeto ao longo de sete mil anos.
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Com efeito, as palavras da Senhora aos três
pastorinhos convidam a elevar nossas vistas – viciadas por um mundo
materialista, mecanizado e despojado de religiosidade – para considerarmos
novos horizontes: os do Reino de Maria que nasce, cuja aurora começa a tingir de
dourado alguns cumes de montanha, prenunciando o meio-dia prometido.
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Sob o soberano e grandioso olhar de Deus, a História
da humanidade forma um só grande conjunto que abarca o passado mais remoto, um
presente assaz conturbado, e o futuro mais distante. Assim sendo, a mensagem de
Fátima, ditada por ocasião das várias aparições de Nossa Senhora, deve ser
avaliada por nós em função da visão global de todos os séculos, que se
desenrola aos pés de Jesus e cuja maravilhosa trama coloca em irreconciliável
oposição os Anjos e os demônios, os Santos e os precitos, os profetas de Deus e
os de satanás.
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Embora prometida no Protoevangelho (cf. Gn 3, 15), e
apesar de terem acontecido muitos episódios prefigurativos ao longo dos tempos,
ainda não se deu a plenitude do embate entre a cabeça da Serpente e o calcanhar
da Virgem. Contudo, vemos hoje as potencialidades, ou capacidades de ação, se multiplicarem
e se acumularem em ambos os lados de tal forma que podemos com toda propriedade
afirmar que nossa época traz perspectivas verdadeiramente apocalípticas.
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Ora, o Apocalipse muitas vezes é apresentado exclusiva
e unilateralmente como sendo um elenco de dramas sucessivos, desastrosos para
tudo e para todos... e isto lhe tolhe seu principal significado: uma bela
liturgia – realizada de comum acordo entre os Anjos e os justos, sob o comando
do próprio Cordeiro Imolado – mediante a qual Deus vinga sua honra, restabelece
a justiça e instaura seu reino de paz; a paz de Jesus Cristo e de Maria, a
única verdadeira e realmente estável.
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Com efeito, se considerarmos os sete mil anos de
acontecimentos dos homens na terra, veremos que, infelizmente, ao lado de fatos
sem dúvida muito belos, a Santíssima Trindade deixou muitíssimas vezes o
demônio interferir nos planos divinos, interrompe-los e deturpá-los conforme
melhor lhe aprouvesse. Isto mudará em breve, assumindo Deus o comando da História,
assim como o anunciaram todos os profetas, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento.
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Neste sentido, as profecias do segredo de Fátima
possuem um profundo significado, pois constituem o último elo de uma corrente
que liga o Céu à terra, e cuja realização marcará um antes e um depois nas
relações entre Deus e os homens, por meio de graças imprevisíveis e até mesmo
inimagináveis. Estamos agora, portanto, à beira de uma nova fronteira da
História.
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(Editorial da Revista
Arautos do Evangelho, Número 185, Maio 2017.)
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