A Jesus pelas mãos de Maria, com o Papa e os Arautos do Evangelho!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Imressões de um jovem estudante americano que assiste a uma cerimônia dos Arautos do Evangelho


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Qual a sensação de um jovem e dinâmico estudante americano que, em Roma, assiste a uma cerimônia dos Arautos do Evangelho? Espanto, admiração ou estranheza?

Matthew Alderman, jovem americano, estudante de arquitetura, está em Roma fazendo um estágio. Os estudos ocupam-lhe quase todo o tempo livre. Mas, passar algum tempo em Roma é oportunidade única na vida p ara se enriquecer espiritual e culturalmente. Em cada ruína, em cada edifício há páginas da História gravadas na pedra.

Um dia, Matthew recebe um curioso convite. Não é para um concerto e menos ainda para um encontro social. É dos "Araldi del Vangelo" para uma solene coroação...

Coroação? Isso evoca reis e rainhas. A Itália é uma república, ele é americano. Uma coroação? O que ele vai lá fazer? Mas foi. Era na Igreja de São Joaquim. Entrou no esplendoroso templo, e o que viu? É o que lhe oferecemos a seguir, caro leitor: uma cerimônia dos Arautos, vista através dos olhos "azuis claros" de um jovem estudante americano.

A igreja estava cheia. Dezenas de círios flamejavam no altar alto e distante, sustentados nos braços esticados de dois imensos cortejo_2.jpganjos de mármore, agitando-se no meio de nuvens de pedra e apresentando um globo terrestre em ouro e azul a um Cristo semi-bizantino situado acima, na ábside.

Todo o esplendor das mais grandiosas coroações

E lá estavam os Arautos.
Alguns caminhavam por trás, mantendo a ordem entre a multidão que lotava os bancos. Seus esplêndidos hábitos de cavaleiro eram militares e monásticos ao mesmo tempo: uma túnica branca até os joelhos e uma cota marrom marcada com uma imensa cruz de Santiago, escarlate e branca, sua extremidade pontiaguda estirando-se até as botas lustrosas. Uma corrente circundava a cintura, com um grande Rosário enlaçado de um lado. As chaves do brasão papal brilhavam nos seus altos colarinhos militares, despontando acima dos capuzes longos dobrados para trás. E o santuário inteiro estava cheio deles, em fileiras ordenadas, uma vasta orquestra militar de trompeteiros, trombonistas e coristas, dispostos em perfeita ordem.

De repente, assim que entrei, ouvi um trompete soar alto e claro, e uma procissão de Arautos moveu-se vagarosamente pela nave com perfeita precisão militar. Os tambores soavam com um vigor de parar o coração, enquanto eles evoluíam em direção ao pórtico. Então, as portas principais se abriram. Os percussionistas congelaram-se como guardas em uma parada, cruzando suas baquetas com um ruído agudo de madeira.

Houve um momento de perfeito silêncio. O incenso encobria a igreja.

Aí veio a imagem da Virgem de Fátima, carregada nos ombros de quatro Arautos. Em meio à música, irromperam altos brados de fazer tremer as fundações: "Viva o Imaculado Coração de Maria!", enquanto os Arautos lentamente faziam seu
percurso até os degraus do altar.

O ritual da Solene Coroação da Imagem da Virgem tinha todo o esplendor das mais grandiosas coroações.

Flores da feminilidade católica

Eu estava totalmente surpreso. Esforçava-me e esticava-me para ver o que eu podia: os Arautos ricamente vestidos, membros da banda; representantes de outros sodalícios em vestes brancas e azuis na primeira fila de bancos; um padre oficiante com uma capa de franja dourada. E as coristas, delicadas senhoritas Arautos, apenas alguns anos mais jovens que eu. Essas criaturas inocentes estavam bem atrás dcortejo_arautos_feminino.jpgos instrumentistas, parecendo muito dignificadas em suas túnicas marrom-dourado, cotas de cruzado e poderosas botas. Suas faces doces e fortes eram sérias e solenes; cabelos escuros, castanhos, louros, puxados para trás e amarrados na nuca com uma fita marrom e fivelas de prata. Flores da feminilidade católica.
Os músicos interpretaram uma peça de Händel, de revolver o sangue, e ouviram-se mais brados de aclamação dos Arautos e das pessoas, e mais toques de trompetes ressonantes e sons marciais de tambores. O incenso subia como pluma de um turíbulo oscilante, impregnando a igreja com nuvens douradas.

"Rainha de glória, certeza da vitória"
Então veio a imposição do Rosário na imagem. Uma guarda de honra dos Arautos moveu-se em direção ao deambulatório com a precisão cronológica de uma sentinela de Arlington. Atrás deles caminhava um jovem com uma faixa escarlate e branca, carregando um Rosário sobre uma almofada.

Um dos padres assistentes o colocou na mão estendida da imagem. Veio então mais Händel, e depois o coro entoou em gregoriano o Veni Creator. As sopranos, com vozes argênteas como de pássaros, de rachar o coração, jovens puras, tão familiares e inocentes quanto as vozes do Coro Litúrgico de Mulheres lá em Notre Dame.

Finalmente, o momento sagrado chegou.

Com majestosos adornos musicais de metais e tambores, o coro apresentou uma grande interpretação bilingüe do Hino de Coroação Zadok the Priest. Eu estava louco de emoção, meus olhos moviam-se vivamente para fixar toda a gloriosa e multicolorida cena.

And all the people rejoiced. Rejoiced. Rejoiced. Rejoiced and sang: God save the Queen! Long live the Queen! May the Queen live forever. Amen. Alleluia.

Os Arautos lentamente baixaram o andor da Virgem, e o sacerdote oficiante colocou a coroa sobre sua cabeça. Então os servos da Rainha levantaram o andor o mais alto que podiam, para mostrar a nova Monarca aos seus súditos. Os tambores tocavam e os trompetes soavam com fervor belicoso, enquanto os Arautos moviam-se em direção ao pórtico e recolocavam a imagem em seu trono. Nós a proclamamos "Rainha de glória, certeza da vitória", aclamações bradadas atrás e adiante com uma comoção ritual entre os Arautos e povo.

Então todos nós recitamos a Consagração, entregando-nos a Maria, e recordações do velho campus universitário me vieram mais fortes do que nunca. Tropecei nas palavras italianas, mas lembro-me da substância. Nós, meus amigos e eu, tínhamos feito essatrompetes.jpg mesma Consagração, ou uma semelhante, a cada outono e primavera nos últimos dois anos. Mas não eram saudades, era um vínculo profundo, uma continuidade, um novo toque do universalmente protetor manto de Maria.
Após o "Aleluia!" de Händel, concluiu-se o rito com o cântico do vibrante Hino Pontifício, cheio de louvores à Roma imortal dos mártires e dos santos. O órgão trovejou e os tambores soaram. Eu senti cada impacto das baquetas e tambores em minha medula e em meus ouvidos, e agradeci a Deus por isto. E então a longa procissão dos Arautos e músicos, porta-estandartes, coristas e eclesiásticos saiu pela porta direita, passando por mim.

As jovens, especialmente, moviam-se com um ritual consciente, seus pulmões estufados, queixos levantados, costas retas como soldados em uma parada. Deus seja louvado por tal maravilha - uma tão extasiante, tão animada cena em louvor d'Aquela que é terrível como um exército com bandeiras.

Unidos pela mesma Fé e mesma mentalidade

Eu estava atrás, enquanto a multidão dispersava-se vagarosamente, e via os Arautos enrolarem seus estandartes no fundo da igreja, desmontando os grandes fustes de bronze dos quais pendiam as imensas bandeiras.

Reparei nos amigos dos Arautos, que se reconheciam nas laterais, pais que conversavam com suas filhas, trocas de sorrisos e risadas, uma cabeça com peruca. Os religiosos, com seus brancos colarinhos altos e elegantes, pareciam estar reorganizando as cadeiras no deambulatório.

Vi as meninas Arautos juntarem-se em pequenas rodinhas de conversa, encantadoras de se observar na sua inocência despretensiosa. Pareciam agora mais animadas, mais humanas. Suas feições pareciam menos formais, apesar de seus uniformes e dos cabelos brilhantes puxados para trás. Algumas eram claras e delicadas, até mesmo nórdicas e com sardas; outras, morenas e de forte estrutura. Dentes estreitos, dentes tortos, toques de charmosa irregularidade. Todas pareciam pequenas e magras nos seus vestidos magistrais.

Enquanto isto, os jovens e os Arautos mais velhos cumprimentavam-se ou conversavam aos pés da imagem de uma virgem mártir, colocada na curva de um nicho. Um noviço, vestido com uma capa azul de uniforme sobre seu hábito, procurava por seus pais ou irmãos. Dois outros, fazendo a guarda da estátua como as sentinelas da Rainha, trocavam confidências cochichadas por detrás da Virgem. É a coisa mais agradável do mundo sentar- se aqui e observar esses espíritos jovens.
imagem_cortejo_1.jpgEu estava distante, separado pela nacionalidade e língua, mas senti-me próximo a esta gente jovem, unido por uma Fé antiga e uma mesma mentalidade. Eu só desejava poder ouvi-los, ouvir essas palavras comuns, esses ditos do jargão católico, ou promessas de lealdade mariana, vindas de seus lábios. Ouvir e compreender. Mas havia uma diferença de língua entre nós... Então, contentei-me em comungar silenciosamente, em bebê-las, em saborear este esplendor católico antes que ele se apagasse de minha memória.
Voltei minha atenção para a Rainha mais uma vez. Ajoelhei-me e fiz uma breve oração a Ela e a seu Filho.

Estou ainda um pouco confuso sobre quem são esses cavaleiros contemporâneos com suas botas e cotas, se são um sodalício local ou internacional, leigos ou professos. No entanto, hoje vi o suficiente para encher volumes. Os tambores ainda soam nos meus ouvidos.
Foi, de longe, a melhor noite que eu tive em Roma.

Testemunho com "força de lei"

Habituado a analisar com frieza os casos a julgar, deixando de lado os sentimentos, desta vez, o juiz teve de lavrar a sentença cedendo às emoções. Carlos Divar é Presidente da Audiência Nacional (tribunal especial da Espanha)  e assistiu, em Roma, às apresentações dos Arautos do Evangelho. De volta à sua Pátria, expressou em poucas linhas suas impressões.

Retornando a Madri após os inesquecíveis dias passados com os senhores em Roma, sinto necessidade de expressar-lhe meus sentimentos de emoção e agradecimento, não só por suas inumeráveis atenções, mas também pela vida apostólica dos Arautos.

Estamos certamente diante de uma obra de Deus que, através de Nossa Senhora, chega a nossas vidas. (...) A Alma dos Arautos me cativa, mas comove-me também seu digníssimo aspecto exterior, com seus hábitos, suas maneiras e sua solenidade, como demonstraram na pomposa coroação da Virgem Peregrina de Fátima, na Igreja de São Joaquim de Prati.
Rogo-lhe transmitir ao Mons. João Clá a garantia de minha profunda simpatia e minhas permanentes orações a Jesus, Maria e José para que Eles velem pelo acerto de seus passos. Seu afeiçoadíssimo Carlos Divar

(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2004, n. 25, p. 38 à 41)

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