A Jesus pelas mãos de Maria, com o Papa e os Arautos do Evangelho!

quarta-feira, 18 de março de 2009

São Jose, Mártir da Grandeza - 19 de março

Para formarmos uma idéia de quem foi São José – o Patrono da Igreja, cuja festa se comemora hoje – face à escassez de dados biográficos, precisamos considerar dois fatos imensos: ele foi o pai adotivo do Menino Jesus e o esposo de Nossa Senhora.
O esposo deve ser proporcionado à esposa. Ora, quem é Nossa Senhora? Ela é, de longe, a mais perfeita de todas as criaturas, a obra-prima do Altíssimo. Se somarmos as virtudes de todos os anjos, de todos os santos e de todos os homens até o fim do mundo, não teremos sequer uma pálida idéia da sublime perfeição da Mãe de Deus.
Mas um homem foi escolhido entre todos para ser proporcionado a essa excelsa criatura. Proporcionado, naturalmente, por seu amor de Deus, por sua sabedoria, por sua pureza, por sua justiça, por todas as virtudes enfim. Esse homem foi São José.
Há algo mais insondável: o pai deve ser proporcionado ao filho. Era preciso um homem que carregasse com toda dignidade a honra de ser pai adotivo de Deus. E houve um só, criado especialmente para isso, com a alma adornada de todas as virtudes, inteiramente à altura de tão sublime missão. Esse homem foi São José.
Era proporcionado a Jesus Cristo, era proporcionado à Sua excelsa Mãe. Quanta grandeza isso encerra! É tal a desproporção com o resto dos homens, que nós não podemos fazer idéia. É penetrar de tal maneira na alma santíssima de Nossa Senhora, é ter tal intimidade com o Verbo Encarnado, que o vocabulário humano não encontra palavras para exprimir adequadamente.
Costuma-se representar, por exemplo, Santo Antonio de Pádua com um livro e o Menino Jesus sentado no livro. E o santo embevecido, porque o Menino Jesus esteve uns instantes em seus braços. E nós olhamos admirados para Santo Antonio: como ele é feliz por ter sido distinguido por essa honra sem nome! Ora, quantas vezes São José teve nos braços o Menino Jesus?
Mais ainda: São José teve os lábios suficientemente puros e a humildade suficientemente grande para fazer essa coisa formidável: responder a Deus! Imaginemos a cena: o Menino Jesus pára diante dele e diz: – “Peço-lhe um conselho: como devo fazer tal coisa?” E o patrono da Igreja Universal, mera criatura, sabendo que é Deus o interrogante, dá o conselho!
Imagine, leitor, se lhe for possível, um homem que teve bastante sabedoria e pureza para governar a Deus e a Virgem Maria. Então compreenderá a sublimidade da virtude de São José.
Falamos da grandeza de São José. Como foi ela recebida pelos homens de seu tempo?
Diz o Evangelho: “E (Maria) deu à luz o seu filho primogênito, e o enfaixou e reclinou numa manjedoura; porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc. 2,7).
A frase – “não havia lugar para eles na estalagem” – encerra uma verdade amarga: os homens têm uma particular dificuldade em receber aquilo que é grande – a fortiori o que é divino – por causa de sua mesquinharia. Pensamos, às vezes, que os homens se comprazem em tratar com o que é importante, alto, sublime. É um gosto que existe, sim, mas apenas superficial e por interesse.
Os homens não sentem grande atração pela grandeza, mas sim pela mediocridade, particularmente se é um misto heterogêneo de bem e mal, com um gosto mais acentuado pelo mal que pelo bem. Há uma tendência profunda no homem para o trivial, para a banalidade, e que é avessa ao grandioso, ao sublime.
Então compreendemos por que não havia vontade de ceder lugar à Sagrada Família. Não havia lugar, especialmente porque Nossa Senhora deveria conservar, ao lado de um aspecto de excelsa bondade, um ar de grande majestade.
Como São José deveria manter o mesmo aspecto, era um casal sumamente distinto, mas pobre. Eis aqui a causa mais profunda da recusa. Aceitar a distinção com a riqueza, ainda passa, pois a segunda faz perdoar a primeira. E o interesse em conseguir dinheiro incute uma vontade de bajular que faz as vezes de respeito. Mas quando é uma grande distinção, uma virtude saliente que bate às portas, sobretudo se é pobre, então não há lugar. Entretanto, daí a cinco minutos é possível que surja uma acomodação para um amigo medíocre ou um ricaço que não possui senão dinheiro... Acomodação que perfeitamente poderia ter sido recusada à Sagrada Família!
Mas se eles soubessem que Nossa Senhora estava para dar à luz o Menino Jesus?
– Também não receberiam. É bem o caso de lembrar aqui a famosa apóstrofe de Donoso Cortez: “O espírito humano tem fome de absurdo e de pecado”.
O Menino Jesus era parecido com Nossa Senhora. Ela era a prefigura do Redentor. São José também parecia-se com Ele. Aquela gente não queria Nossa Senhora, nem São José, nem o Menino. Apetecia o baixo, o vulgar ou a riqueza. Resultado: essa é a primeira recusa do povo hebraico. É o primeiro momento em que Nosso Senhor já está na Terra e que, pela voz de São José, bate às portas dos homens, sendo recusado.
São José – príncipe da casa de David, príncipe da família real deposta, decadente, mas que estava no seu apogeu porque dela nascia o Esperado das Nações – bate à porta e é rejeitado! Esta é, também sua primeira glória. Ele representava algo que a vulgaridade, o espírito prosaico dos judeus detestava. Deu-se então o primeiro lance de seu martírio: conduzir Nossa Senhora a uma gruta, própria de animais, onde o Menino Jesus nasceu.
Sobre esta primeira glória – negativa, por certo – acumularam-se muitas outras: a glória de ser um homem apagado, embora se lhe devesse toda honra pública; a glória de quem tomou sobre si todas as humilhações, todas as ignomínias, todo o peso do opróbrio que havia de cair sobre Nosso Senhor. Ele teve, desde o começo, a bem-aventurança especial de ser recusado por amor à justiça e porque possuía grandeza de alma.
Eis um aspecto esquecido, embora saliente, da fisionomia moral do Patrono da Igreja, cuja virtude é especialmente rejeitada pelo homem contemporâneo, o que nos induz a dizer: São José, mártir da grandeza, rogai por nós!

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