BARUEL – ONDE TUDO COMEÇOU
No local do atual bairro do Baruel existia, há muitos séculos, mesmo antes da chegada dos colonizadores portugueses, uma tribo indígena guarani. Os MUIRAMOMIS, conhecidos como os guerreiros “Pés Largos” , conviviam com os índios Tupinambás do litoral de Bertioga, e com os Tamoios que habitavam o vale do Paraíba. Esta convivência era hostil; o contato entre as tribos era através de trilhas abertas na densa Mata Atlântica que cobria toda a região. Essas mesmas trilhas foram utilizadas posteriormente pelos Portugueses, aventureiros franceses e ingleses que atacavam constantemente o Brasil naquela época.
No final do Século XVI, num dos ataques de piratas ingleses a Vila de Santos no ano de 1591, na fuga deixaram em terras brasileiras, dois PIRATAS, sendo um deles Henrique Barwell, que seguindo as trilhas abertas pelos índios, subiu a Serra do Mar e descobriu alguns veios auríferos na região do CAGUASSU ( atual Baruel ), iniciando assim a saga de uma família que permaneceu por várias gerações na região.
No Século seguinte ( XVII ), Henrique Barwell casou-se com a Portuguesa Francisca Álvares Martins, e teve inúmeros filhos e quatro netos sacerdotes, sendo que dois deles habitaram a região, o Frei Salvador Baruel e o padre Francisco Baruel, jesuita, como veremos a seguir.
Neste mesmo período, com a consolidação da Vila de São Paulo de Piratininga, fundada el 25 de janeiro de 1554 pelos Padres Jesuítas, os índios que habitavam a região sul do município, conhecidos como Guaianazes, começaram a se deslocar, fugindo dos Bandeirantes pegadores de índios. A direção que eles tomaram foi do territórios dos “Pés Largos”.
A invasão do território provocou a reação imediata dos guerreiros Pés Largos, que já conviviam com a família Baruel. O conflito foi tão grande que foi chamado um dos netos de Henrique Barwell, para apaziguar as tribos combatentes. Chega ao local o Frei Salvador Baruel. Durante anos o Frei permaneceu na região e por volta de 1660, constrói a primeira capela Nossa Senhora de Piedade.
Neste mesmo período, o irmão do Frei Salvador, o padre Francisco Baruel, foi morar na localidade ajudando a controlar a rivalidade entre as tribos, os novos aventureiros, e Bandeirantes que rondavam a região, em busca de ouro, pois nessa época foram descobertas mais minas de ouro.
As mesmas trilhas utilizadas pelos índios, passaram a ser um dos principais acessos rumo ao litoral, partindo da Vila de São Paulo de Piratininga e de Mogi das Cruzes (a qual o território pertencia), margeando o Rio Guaió, alargaram as trilhas, o caminho passou a ser chamado de Estrada Real do Guaió, da qual temos a primeira notícia no ano de 1663, quando da disputa de divisas entre as Vilas ja existentes.
Na rota dessa estrada passava-se pelo morro do SUINDARA ( Colégio ) e pela Capela Piedade, conhecida nessa época por Piedade do Taiaçupeba, pois além da Capela, já havia um povoado adjacente que também era cortado pelo Rio Taiaçupeba.
Como a região começou a ser muito disputada, o Padre Francisco Baruel resolveu doar a Diocese de São Paulo, 25 alqueires em torno da Capela, no ano de 1680.
No século XVIII, foram descobertas mais minas de ouro ( Morro do SUNDARA ) e no Rio Guaió, atraindo cada vez mais forasteiros, a exploração foi tão intensa, qúe foi considerada o maior reduto aurífero da província (Estado) de São Paulo.
Em meados deste século, toma posse de terras na região outro elemento da família Baruel, o capitão Antonio Francisco Baruel, que manteve no local uma próspera fazenda, chamada de lavras do Baruel, trazendo para trabalhar os primeiros escravos negros.
No ano de 1750, a antiga Capela foi reconstruída pelo Padre Antonio Souza e Oliveira, e empossado seu novo administrador. Alguns anos mais tarde, em 1779, sete escravos do Capitão Baruel fugiram levando grande quantidade de ouro. O mesmo contratou alguns capitães-do-mato para capturar os escravos, relatando o fato e exigindo providências dos capitães de ordenança da Cidade de São Paulo.
A família Baruel permaneceu na região até meados do século XIX, quando a maioria das minas de ouro se extinguiram, mesmo assim a fazenda foi adquirida pelo mogiano o Capitão João Barbosa de Melo Ortiz, que conseguiu extrair mais 21 quilates de ouro.
Em 1863, na segunda metade deste século, o capitão João Barbosa tenta transformar a fazenda em terras agriculturáveis, sem muitos resultados e deixa a fazenda abandonada. Os colonos agregados a fazenda continuam na região e pleiteiam junto a Mogi das Cruzes, a construção de uma Escola.
No ano de 1870 é formada a 1ª Escola do Distrito de Suzano, apenas para o sexo masculino. Neste mesmo ano a Capela consegue consentimento para realizar casamentos e batizados. O comércio começa a se firmar com a construção do primeiro armazém de secos e molhados da Família Pereira, a carvoaria do imigrante italiano Roberto Bianchi, entre outros, atraindo desta forma novos imigrantes, o povoado se desenvolve cada vez mais, no entanto a notícia de mudança de rota da linha férrea, que passaria no local e foi transferida para o atual centro da cidade. Iniciou-se um lento processo de estagnação e transferência do povoado.
No ano de 1885, a Capela foi transformada em igreja de Nossa Senhora da Piedade, e após 10 anos numa forte tempestade ruiu.
Um dos últimos fatos relevantes da região do Baruel, foi justamente a reconstrução da igreja. Apesar da consolidação do novo centro de Suzano, com sua nova igreja construída pelos irmãos Figueira, dedicada a São Sebastião, o imigrante italiano Roberto Bianchi, a pedido de sua esposa D. Ernestina Maria de Jesus Bianchi reconstrói a nova igreja, em 1916.
Para festejar a reconstrução da igreja e a restauração da imagem de Nossa Senhora da Piedade, que havia quebrado no mesmo temporal, Roberto e Ernestina iniciaram a Festa do Baruel, que se mantém até os dias de hoje, tornando-se a Festa mais tradicional de Suzano.
Mantendo as raízes Suzanenses, a família Bianchi preservou através das gerações, o núcleo inicial de Suzano, conservando a religiosidade os costumes o folclore, as manifestações culturais, sem as quais o atual Baruel teria desaparecido da História Suzanense.
Colaboração de Enio Pizzolato.
Revista CAMARIM - Ano I – Nº 04 – Out./Nov. 2005 do Alto Tietê.
A Jesus pelas mãos de Maria, com o Papa e os Arautos do Evangelho!
sábado, 9 de janeiro de 2010
Histórico da Fundação de Suzano - 03
Catalogação:
Notícias de Suzano,
São Sebastião
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