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segunda-feira, 17 de junho de 2019

A festa do Divino e a rainha Santa Isabel


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Na festa litúrgica de Pentecostes a Igreja celebra a descida o Divino Espírito Santo, sob a forma de línguas de fogo, sobre os Apóstolos reunidos com Nossa Senhora no Cenáculo. Após essa estrondosa intervenção divina os Apóstolos se transformaram. De vistas curtas, tíbios, medrosos, passaram a vigorosos pregadores, capazes de proclamar a Boa Nova a todos os judeus e também estrangeiros que se encontravam em Jerusalém, e em seguida pelos mais diversos pontos do globo.
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A solenidade de Pentecostes ocorre, cinquenta dias após a Ressurreição do Senhor, encerrando o tempo Pascal. Tal celebração figura com especial realce no calendário litúrgico, desde os primórdios da Igreja.
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Porém, em Portugal, a partir do século XIV, foi acrescentada a essa festividade a memória da Rainha Santa Isabel, intimamente ligada com o evento. Tal inclusão, deve-se ao fato de que ela, como esposa e mãe, ao enfrentar uma situação extremamente penosa, implorou a proteção do Divino Espírito Santo e veio a ser plenamente atendida.
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A parir do século XVI, as caravelas dos colonizadores portugueses portaram a semente dessa profunda devoção a outros continentes.
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Assim, no Brasil, como sementes lançadas em terra fértil, as festividades conjugadas do Divino Espírito Santo e Santa Isabel floresceram e constituem hoje frondosas árvores, profundamente arraigadas na alma popular.
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De norte a sul, em cidades e vilas, após a festa de Pentecostes, saem às ruas as conhecidas Procissões do Divino, nas quais se destacam jovens em trajes nobres, representando a família real. Nesses cortejos são conduzidas a Coroa do Império bem como bandeiras vermelhas com uma pomba no topo do mastro, que representa o Divino Espírito Santo.
As procissões com as Bandeiras do Divino Espírito Santo e a Coroa do Império, tão conhecidas em todo o Brasil, surgiram em Portugal de 1323, das lágrimas, súplicas e gratidão da Rainha Santa Isabel.

Rainha implorou proteção do Divino Espírito Santo.

 

Santa Isabel de Portugal, nasceu em Aragão, atual Espanha em 1271, 
e faleceu em Portugal, em 1336.
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Em 1282, Isabel deixara a província espanhola Aragão, para esposar o Rei de Portugal, Dom Dinis. Com o passar do tempo, entretanto, esse monarca infelizmente abandonou sua obrigação de fidelidade à sua esposa e filhos, e enveredou pela degradante via da devassidão e do adultério.
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Para concluir tais desmandos, Dom Dinis, em 1321, indicou para sucedê-lo ao trono nada menos que um de seus filhos bastardos, a quem concedera título de nobreza, Dom Sancho.
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Por sua parte, o filho legítimo e pretendente ao trono, Dom Afonso, recusou-se categoricamente a aceitar tal usurpação de seus direitos, e com vigoroso apoio de numerosos nobres preparou-se para reagir, se necessário pela força, contra o próprio pai.
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Nessa cruel circunstância, recorreu Isabel ao Divino Espírito Santo para suplicar o milagre: que pela efusão dos dons da Sabedora e do Temor de Deus sobre sua família, afastasse aquela terrível ameaça de conflito armado de filho contra seu esposo.
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Isabel que por longo tempo já havia bebido resignadamente o amargo cálice da infidelidade de seu esposo, deparava-se desse modo com o risco de um desfecho sangrento, terrível tanto para sua família quanto para o Reino.

Pai e filho em campo para se digladiarem.

Aos sessenta anos de idade, de sua vida intemperante, Dom Dinis começou a sentir o peso da velhice e redigiu seu testamento, no qual concedia a um de seus filhos bastardos, Dom Sancho, o direito de sucedê-lo ao trono.
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Por sua vez, o herdeiro legítimo, seu filho Dom Afonso, após numerosas tratativas frustradas com seu pai para reverter a situação, por fim decidiu enfrenta-lo com o recurso das armas.
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No início de 1323, nos campos de Alvalade, nos arredores de Lisboa, encontravam-se os dois contendores frente a frente, com seus partidários fortemente armados, na expectativa de dar início à refrega.
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De repente, uma surpresa! Fez-se silêncio. Todos contemplaram a Rainha Santa Isabel, montada sobre um burrico, que se aproximava acompanhada de algumas personalidades, tendo à frente o Bispo de Lisboa, Dom Gonçalo. Depois de confiantes súplicas a Deus, vinha ela implorar aos homens a cessação completa da contenda.
A Batalha de Alvalade esteve prestes a travar-se entre as tropas de Dom Diniz e as de D. Afonso em 1323, mas o confronto entre pai e filho foi impedida pela intervenção da Rainha Santa Isabel.
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Lanças, cavaleiros e pendões então se abateram, de um e de outro lado, e todos os soldados se ajoelharam. Ninguém se atreveu a avançar, ninguém pensou sequer em impedir

a aproximação da rainha. Todos se sentiam profundamente emocionados, e de muitos olhos corriam lágrimas.
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Mãe dolorosa, esposa desolada, venerada pelo povo e pelos nobres, a sua passagem ergueu uma barreira luminosa entre as duas hostes. D. Isabel, a rainha tão querida de todos, acudira a tempo ao esposo amargurado e ao filho ambicioso, levando consigo a sua dor e a sua bondade, e a batalha não chegou a acontecer.
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Erguendo um Crucifixo numa das mãos, dirigiu-se a Rainha maternalmente a seu filho Dom Afonso: "Como te atreves a proceder deste modo? Pesa-te tanto assim a obediência que deves a teu pai e senhor? Que podes tu esperar do povo no dia em que te caiba governar o reino, se estás a legitimar a traição com este mau exemplo? Enfim… se de nada te servem os meus conselhos e carinho de mãe, teme ao menos a ira de Deus, que justamente castiga os escândalos!"
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As palavras da Rainha tiveram efeito imediato. O filho aproximou-se do pai, para beijar-lhe a mão. O pai, por sua vez, recuou em seu injusto intento de prejudicar o direito de seu filho legitimo.
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Portanto, as orações da Rainha foram plenamente atendidas. Dom Diniz abandonou sua vida desregrada, e finalmente o herdeiro legítimo subiu ao trono, com o nome de Afonso IV.

Gratidão ao Divino Espírito Santo

Para agradecer ao Divino Espírito Santo a pacificação obtida e implorar pela continuidade daquelas graças sobre sua família e seu Reino a Rainha Isabel decidiu fazer um tocante sacrifício: sair às ruas para recolher esmolas para serem depois distribuídas aos pobres de Lisboa.
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Corneteiros anunciavam pelas ruas a aproximação daquele singelo cortejo, precedido pela Bandeira do Espírito Santo, seguido por uma carroça do palácio na qual se transportavam as ofertas.
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O Reino inteiro bem sabia o quanto de dores morais a Rainha havia padecido. Todas as pessoas desejavam consola-la oferecendo-lhe generosamente qualquer esmola que pudessem: uma moeda, um pão caseiro, um pernil, frutas ou legumes. Sentiam-se emocionados, ao receberem o olhar agradecido daquela heroica devota do Divino Espírito Santo.
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Assim começaram as Festas do Divino, que a partir de então passaram a repetir a cada ano, chegando sua lembrança até nossos dias.

Milagres e corpo incorrupto

Numerosos milagres são registrados nas páginas da biografia de Santa Isabel. Um dos mais conhecidos é aquele ocorrido com as rosas.
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O Rei, devido à economia de guerra, havia determinado uma rigorosa redução na distribuição de esmolas.
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Certa vez, quando Santa Isabel levava no avental pães para socorrer os pobres, encontrou-se com o marido, o qual lhe perguntou o que guardava ali. Isabel respondeu-lhe que eram rosas. Ora, estava-se no inverno europeu, quando toda a natureza parece morta, e, portanto, não vicejam flores. O Rei quis então ver o que ela realmente levava no avental. A rainha abriu-o, e surgiram belas e perfumadas rosas.
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Após a morte de Dom Diniz, em 1325, a Rainha Isabel fez uma peregrinação ao Santuário de Santiago de Compostela, na Espanha, onde fez oferecimento de sua própria coroa, e se retirou ao convento das Religiosas Clarissas de Coimbra, que ela havia fundado. Ela entregou sua alma a Deus em 1336. Em 1612, ao ser iniciado seu processo de canonização, quando se realizou a exumação o seu corpo foi encontrado incorrupto. Em 1626 foi elevada à honra dos altares.

Fotos de Festividades do Divino pelo Brasil

Bombinhas, SC
São José, SCSão José, SC
Parati, RJ

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